Quando pensamos em café, é impossível não lembrar da Itália. Mais do que um país consumidor, os italianos transformaram o ato de tomar café em um verdadeiro ritual de excelência, tradição e inovação. Não é à toa que os termos “expresso” e “cappuccino” fazem parte das nossas rotinas cafeinadas. Mas como essa relação apaixonada começou?
Onde tudo começou: a chegada do café à Europa
A história do café na Itália está profundamente conectada com a própria introdução da bebida no Ocidente. Dizem que o primeiro europeu a relatar sobre o café foi o alemão Leonhard Rauwolf, após uma viagem ao Oriente. Pouco tempo depois, o botânico italiano Próspero Alpini trouxe informações mais detalhadas após sua estadia no Egito como médico do cônsul de Veneza. Em 1591, ele publicou “De Medicina Aegyptiorum”, onde descreveu pela primeira vez um pé de café para a Europa.
No entanto, o café encontrou resistência inicial. Por ser apreciado por muçulmanos e povos africanos não cristãos, sacerdotes italianos pediram que o Papa Clemente VIII proibisse seu consumo. Mas, dizem as histórias que, ao provar a bebida, o Papa teria dito: “Bem, esta bebida de Satanás é tão deliciosa que seria um pecado deixar que apenas os infiéis a aproveitem. Vamos enganar Satanás batizando-a”. E assim, o café foi abençoado e liberado para os católicos.
O nascimento das cafeterias
Em 1615, o café chegou oficialmente a Veneza, através de seu porto. Trinta anos depois, surgiram os primeiros cafés públicos. Cidades como Roma, Pádua e Turim logo seguiram o exemplo, criando espaços que não eram apenas para apreciar a bebida, mas também pontos de encontro para intelectuais e artistas.
Em 1720, foi inaugurado o icônico Caffè Florian, na Praça de São Marcos, em Veneza — a cafeteria mais antiga em funcionamento até hoje. Visitar o Florian é como fazer uma viagem no tempo, saboreando um café cercado por história.

A revolução do café em casa: das cafeteiras à Moka
É na Itália que foi criado, também, o primeiro aparelho para preparar café em casa: a caffettiera napolitana. Inventada na cidade de Nápoles, a cafeteira doméstica conhecida como cuccumella, foi baseada na primeira cafeteira de filtro feita em 1691 pelo francês Du Belloy.

Em Nápoles, o café foi difundido ao final século XVIII, devido a um livro do gastrônomo Pietro Corrado, que trazia uma canção de tributo à bebida.
As pessoas começaram a usar esta cafeteira para preparar três ou quatro xícaras de café ao mesmo tempo, e saborear a bebida em casa, tornando o cafezinho no final da refeição algo ritualístico na Itália e, se difundindo depois, para o mundo.
O preparo do café na cafeteira Napolitana é pouco conhecido, principalmente porque, quando se fala em cafeteira italiana, como aqui no Brasil, nos referimos à Moka. A cafeteira Napolitana resulta um café encorpado, porém mais suave que a Moka, a moagem do café também tem de ser um pouco mais grossa que a usada para a Moka.
Un espresso per favore!
Se em casa a Moka reinava, nos bares e cafeterias o destaque era outro: o expresso. Criado para ser “preparado na hora”, o expresso revolucionou a forma de consumir café.
Luigi Bezzera patenteou a primeira máquina a vapor em 1901. Mas foi em 1947, logo após a Segunda Guerra Mundial, que um proprietário de bar, Achille Gaggia, após muitas tentativas, conseguiu chegar a uma máquina que produzia um café que realmente agradasse seu paladar e a patenteou. Conta-se que ele, na verdade, teria comprado a invenção de Rosseta Scorsa. De qualquer forma, é esta máquina que introduz a extração sob pressão, permitindo obter a bebida mais concentrada e aromática, coberta por um creme denso cor de avelã em toda a superfície da xícara: o expresso tal como conhecemos hoje.
Aliás, em português, a forma correta de se escrever expresso é com x, mas a forma com s também é aceita quando se quer manter o termo original italiano.

Na Itália, pedir “um café” é sinônimo de receber um expresso. Servido rapidamente, de pé no balcão, ele é uma tradição que acompanha os italianos em todos os momentos do dia.
Cappuccino, Macchiato e outras criações
Os italianos também foram responsáveis por dar ao mundo algumas das bebidas mais famosas à base de café. O Cappuccino, por exemplo, lá é consumido apenas pela manhã acompanhado de um croissant e não leva chocolate ou canela, ao contrário da versão brasileira. Já o Macchiato é perfeito para quem quer um toque de leite no expresso.

A cultura do café na Itália hoje
Com um consumo médio de 5,6 kg de café por pessoa ao ano, a Itália é um dos maiores apreciadores e importadores de café do mundo. Ainda assim, mais do que quantidade, os italianos prezam pela qualidade e pelo ritual.
Eles transformaram o café em parte essencial da identidade nacional, influenciando a cultura cafeeira global com suas invenções, tradições e paixão.

E você, já viveu uma experiência autêntica com o café italiano? Conta pra gente nos comentários qual é a sua bebida preferida: expresso, cappuccino ou macchiato?
Se gostou deste conteúdo, explore outros destinos da nossa série Café pelo Mundo e descubra como essa bebida conquista corações em todo canto do planeta!
(Blogpost escrito em parceria com a jornalista Carol Lemos.)
Respostas de 26
Gosto muito dos seus post. Parece que sinto o cheiro do café durante a leitura.
Olá Renata! Gostei do artigo “Itália: café como tradição e excelência”.
Me deu aquela vontade de beber um café!
Muito boa a matéria! E acabei de perceber olhando a foto que estive no Café Florian em Veneza sem saber da história dele! E para piorar, só tomamos uma água lá, pois estava muito quente aquele dia…rsrs
Se permite uma dica, em Roma tive a oportunidade de tomar um espresso no Café Sant´Eustacchio, que fica na Piazza Sant´Eustacchio. A particularidade deste café é a torra, ainda feita num torrador a lenha – o que confere um sabor diferente ao café. E outra coisa que chamou a atenção neste café, é que o padrão do espresso leva açucar já (é colocado na xícara antes de se extrair o café). Por isso, se quiser sem açucar, avise antes o barista.
Abraços e parabéns!
Sou uma apreciadora de café e tenho até alguns equipamentos em casa pra prepará-lo em diferentes métodos. Tenho gostado muito dos conteúdos de vocês como apreciadora da bebida e também da qualidade do conteúdo postado bem como das automações de e-mail e aqui falo eu profissional da área de inbound marketing haha. Parabéns pelo ótimo trabalho e espero que tenham muitas conversões rsrs
Genial! Por favor continuem publicando textos tão bons quanto esse! 🙂
Adorei a matéria!
Sempre foi intrigante a inserção da Itália na rota do Café.
A explicação foi ótima!
Parabéns,
Ana Luiza Martins
Acho que a explicação para o termo “Espresso” está errada…
Ótima matéria ! O café me fascina ! Vou acompanhar os outros textos dessa série. Valeu!
como sempre uma matéria muito interessante e explicativa. que venham outras.
Parabens pela materia, Renata e equipe!
Recheada de curiosidades e fatos historicos sobre o Cafe & Italia.
Ansioso pelos proximos paises.
Beijo!
Oi Fernando! Que bom que gostou 😉 Não perca os próximos posts! Ainda estou lhe devendo o material sobre plantio de café, você já procurou no site da Embrapa? Bj
Oi Marcus! Que bom que gostou 😉 Continue acompanhando! Um abraço, Renata
Obrigada Thaís! Continue acompanhando 😉
Oi Milla, tudo bem? Obrigada pelo comentário. Se puder compartilhar conosco a origem correta, agradecemos 😉 Um abraço, Renata
Obrigada Ana! Continue acompanhando 😉
Obrigada Matheus! Um abraço, Renata
Muito obrigada Morgana 😉 Um abraço, Renata
Nossa Othon, não acredito!!! Agradecemos a dica de Roma, continue contribuindo com a série 😉
Sim, um espresso por favor!
Obrigada Simone 😉 Essa é a intenção…rs
Muito legal a matéria. Parabéns!!!
Obrigada Julian! Continue acompanhando os próximos países 😉
Muito Muito interessante! O molto molto interessante! Sou Italiano e trabalho com consultoria e treinamento de vendas. Num dos próximos artigos no meu blog, tratarei de made in Italy e de brand positioning. Esse seu artigo contém muitos elementos de ambas as coisas! Se não tiver nada contra, gostaria de citar o seu belíssimo artigo no meu blog.
Olá Gerardo! Obrigada! Pode citar sim, desde que coloque a fonte e até um link para nosso artigo 😉
Um abraço,
Renata
Com certeza!