Quando pensamos em café, os Estados Unidos podem não ser o primeiro país que vem à mente como produtor, mas certamente são uma potência no consumo e na cultura ao redor da bebida.
Um pouco de história
O café chegou aos Estados Unidos no início do século XVII, trazido pelos colonos europeus. A primeira referência escrita sobre o café no país data de 1670, quando Dorothy Jones recebeu a primeira licença para vender a bebida em Boston.
Apesar disso, o chá era a bebida preferida até 1773, quando ocorreu a famosa “Festa do Chá de Boston”. Em protesto contra os altos impostos britânicos sobre o chá, colonos americanos jogaram carregamentos da bebida no mar. A partir daí, o café ganhou popularidade como símbolo de patriotismo.

O café dos cowboys e a Guerra Civil
No século XIX, os cowboys americanos adotaram o “cowboy coffee”, método simples de preparo que envolvia torrar os grãos em fogueiras, moê-los e fervê-los em água. Bem similar ao tradicionalmente feito na Etiópia, mas sem todo o ritual de lá.
Durante a Guerra Civil (1861-1865), o café se tornou essencial para os soldados, sendo incluído nas rações diárias para manter o ânimo e a energia. Diversos historiadores confiam que foi a Guerra Civil que realmente levou o café ao status de “bebida dos EUA”, já que o hábito de beber café durante a guerra foi levado pelos sobreviventes para suas casas.
O Café Instantâneo e a Starbucks
Em 1901, em Chicago, o químico japonês Satori Kato criou a primeira versão do café instantâneo. O processo original foi aperfeiçoado pelo inventor anglo-belga George C. L. Washington na América Central entre 1906 e 1907.
Com a Primeira Guerra Mundial, surgiu a necessidade de preparar café de forma rápida no campo de batalha (imagina ficar sem café durante a guerra? Nunca!). Dizem que o rum era a principal bebida da guerra e foi perdendo campo para o café, devido a clareza mental que o segundo trazia.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os soldados americanos consumiram grandes quantidades da bebida. Após a guerra, o café instantâneo tornou-se popular nos lares americanos até que, em 1971, a Starbucks abriu sua primeira loja em Seattle.
A rede revolucionou o consumo de café, oferecendo bebidas personalizadas e ambientes acolhedores. Em 2011, a Starbucks lançou o copo “Trenta”, com capacidade para 916 ml de café! Haja café!

Hoje, a Starbucks possui mais de 32.000 lojas em 80 países.
Um pouco de cultura
Desde o famoso “coffee break” até os copos gigantes de café para viagem, os americanos transformaram o ato de tomar café em um verdadeiro estilo de vida.
Me explica o café americano?
Aquela versão mais suave e diluída do espresso tem relação com os Estados Unidos. A origem remonta à Segunda Guerra Mundial, quando soldados americanos na Itália achavam o espresso muito forte para o paladar ao qual estavam acostumados. Para suavizar o sabor, começaram a pedir que os baristas adicionassem água quente ao espresso — e assim nasceu o “caffè americano”.
O nome pegou, e até hoje essa é uma forma popular de consumo nos EUA, especialmente entre quem prefere um café mais leve, em grande volume, ideal para beber aos poucos ao longo do dia. A bebida virou um símbolo do estilo americano de tomar café: com calma, em grandes canecas.
Café pra viagem?
Nos Estados Unidos, é comum ver pessoas caminhando pelas ruas com copos de café para viagem. A cultura do “to-go coffee” está profundamente enraizada, especialmente em cidades como Nova York.

E hoje, com a ascensão das redes sociais, vemos o quão popular se tornou o cafézinho para viagem. Isso porque, além de garantir aquele “up” onde estiver, é quase como um ícone de estilo no visual.
A Origem do “Coffee Break”
A prática do “coffee break” começou durante a Segunda Guerra Mundial, nas fábricas de esforço de guerra, como uma pausa para os trabalhadores. Com o tempo, tornou-se uma tradição nas empresas, simbolizando momentos de descanso e socialização.
O Café nos Estados Unidos Hoje
Os Estados Unidos são a maior nação consumidora de café em volume. Segundo dados do USDA, o país importou 24,5 milhões de sacas de café em 2023/24, sendo os principais fornecedores Brasil (27%), Colômbia (19%), Vietnã (11%) e Guatemala (6%).
O consumo de cafés especiais está em ascensão. Em 2024, 45% dos adultos americanos relataram ter consumido café especial no dia anterior, superando pela primeira vez o consumo de café tradicional. A média de consumo entre os apreciadores de cafés especiais é de 2,8 xícaras por dia, contra 1,8 xícaras dos consumidores de café tradicional.
O consumo de cafés especiais é mais comum entre adultos de 25 a 39 anos, com 66% desse grupo relatando consumo na semana anterior. Além disso, 69% dos hispano-americanos relataram ter consumido café especial na semana anterior.
Cafeterias para Visitar nos EUA
Se você estiver nos Estados Unidos e quiser experimentar um ótimo café, aqui estão algumas cafeterias recomendadas:
- Addiction Coffee House – New Orleans, LA
- Anthology Coffee – Detroit, MI
- Blue Copper Coffee Room – Salt Lake City, UT
- Cartel Coffee Lab – Tempe, AZ
- Crema – Nashville, TN
- Espresso Vivace – Seattle, WA
- Heart Roasters – Portland, OR
- Madcap Coffee – Grand Rapids, MI
- Panther Coffee – Miami, FL
- Sightglass Coffee – San Francisco, CA
O café nos Estados Unidos é mais do que uma bebida; é uma parte essencial da cultura e do cotidiano. Desde suas origens históricas até as tendências modernas de cafés especiais, o país continua a influenciar e ser influenciado pelo mundo do café.
Se você gostou deste artigo, não deixe de conferir outros da série “Café pelo Mundo”. E comente aqui abaixo, você já foi para os EUA e conheceu uma de suas famosas cafeterias?
(Blogpost escrito em parceria com a jornalista Carol Lemos.)
Respostas de 11
Parabéns pelo excelente artigo amigos! Sempre quando vejo Starbucks paro 🙂 Abs cafeinados
Obrigada Marcus! Abraços cafeinados 😉
Conheci, no Canadá, uma empresa que é marca tradicional por lá : a Tim Hortons !
É muito boa….. e o carro-chefe é também o café que é servido em algumas variedades. Vale apena conhecer, junto com alguns donuts que eles fazem. É 10 !.
Obrigada pela dica Edson 😉
O texto é muito bom. Traz histórias, conhecimento e principalmente, muito informação sobre essa maravilhosa bebida: o café.
Excelente artigo. Qual seria a razão para preferência pelo chá-fé nos USA? Obrigado.
Oi José, obrigada pelo comentário 😉 Acho que é gosto apenas…um abraço, Renata
Obrigada Honório! Um abraço, Renata
Olá! Estive recentemente viajando pela Ásia e achei interessante que as cafeterias lá (todas voltadas para turistas) sempre tem no cardápio o “café americano”. É um café filtrado, mais suave que o espresso… até aí tudo bem… Mas o tamanho da porção é o que impressiona, sempre uns 500 ml de café! Depois de ler esse artigo, eu diria que realmente é ao gosto americano, então!
Obrigada pelo comentário Daihana 😉
Muito bom conteudo adoro o Estados Unidos vou compatilhar com os meus amigos pois o seu conteúdo e bem interessante vale a pena compartilhar nas redes socias!
Obrigado