Quando se trata de café, cada xícara conta uma história única. Essa diversidade de sabores e aromas começa com os grãos, que podem ser de duas espécies principais: Coffea arabica (arábica) e Coffea canephora (robusta ou conilon).

Embora sejam da mesma família, essas espécies possuem características distintas que impactam diretamente a experiência sensorial. Vamos explorar mais sobre cada uma delas e algumas das principais variedades de arábica.
Café arábica: complexidade e elegância
A Coffea arabica é a espécie mais valorizada no mercado de cafés especiais. Originária das montanhas da Etiópia, essa planta prospera em altitudes elevadas, geralmente acima de 900 metros, onde o clima mais ameno permite um desenvolvimento mais lento dos grãos. Isso resulta em um café com maior complexidade de sabores, doçura natural e acidez equilibrada. Além disso, o arábica possui cerca de 50% menos cafeína do que o robusta, o que favorece uma xícara mais delicada.
As variedades mais famosas de arábica
- Acaiá: originada da cultivar Mundo Novo, oferece um perfil sensorial suave, com notas frutadas e achocolatadas.
- Arara: recentemente desenvolvida, essa variedade combina resistência e alta qualidade sensorial. Possui perfil doce, com notas de frutas tropicais e baixa acidez, sendo cada vez mais comum em fazendas de cafés especiais.
- Bourbon: conhecida por suas notas achocolatadas e aroma marcante, é ideal para quem aprecia sabores levemente adocicados.
- Catuaí: apresenta acidez moderada e doçura natural, dispensando qualquer tipo de adoçante, tem em suas variedades o amarelo e vermelho:
- Catuaí Amarelo: muito cultivada em altitudes mais elevadas, esta variedade se destaca pela doçura natural e notas que remetem a mel e frutas cítricas. É uma escolha popular entre os produtores brasileiros.
- Catuaí Vermelho: é uma das variedades de café arábica mais cultivadas no Brasil. Desenvolvida a partir do cruzamento entre o Mundo Novo e o Caturra, essa planta é especialmente adaptada ao clima e às condições brasileiras, oferecendo alta produtividade.
- Caturra: originada de uma mutação natural da variedade Bourbon, a Caturra é conhecida por sua alta produtividade e adaptação a altitudes médias. Oferece um perfil sensorial equilibrado, com acidez vibrante, corpo médio e notas doces que remetem a frutas cítricas e chocolate.
- Kona: cultivada em solo vulcânico no Havaí, é uma das variedades mais exóticas e exclusivas, considerada uma experiência única para os amantes de cafés especiais.
- Mundo Novo: uma das mais tradicionais do país, oferece um perfil sensorial com notas de chocolate, caramelo e nozes. É uma variedade resistente e amplamente utilizada em cafés especiais.
- Obatã: essa variedade é conhecida por sua resistência a pragas e alto potencial de qualidade. Possui acidez equilibrada, corpo médio e notas de caramelo e chocolate.
- Topázio: cultivada principalmente em Minas Gerais, oferece um perfil equilibrado com notas florais, mel e uma leve acidez cítrica. É uma escolha promissora para cafés de alta qualidade.

Como são desenvolvidas as variedades de café?
As variedades são criadas a partir de cruzamentos genéticos, mutações naturais ou seleção específica de plantas que apresentam características desejáveis, como sabor, resistência a pragas e produtividade. Esses processos permitem a diversificação do café e a adaptação a diferentes condições climáticas e geográficas.
Cruzamentos genéticos
Cruzam-se duas plantas de café com características complementares. Por exemplo, um café com sabor excelente pode ser cruzado com outro mais resistente a doenças. O resultado é uma planta híbrida que combina qualidades de ambos os progenitores.
Exemplo: O Catuaí (cruzamento entre Mundo Novo e Caturra).
Seleção natural ou artificial
Identificação de mutações espontâneas que ocorrem em plantações. Essas mutações podem ser isoladas e propagadas caso apresentem vantagens, como melhor sabor ou maior adaptabilidade ao ambiente.
Exemplo: O Bourbon, uma mutação do Typica.
Adaptação regional
Algumas variedades são selecionadas e cultivadas em regiões específicas devido às condições de solo, altitude e clima que favorecem o desenvolvimento de grãos com perfis sensoriais únicos.
Exemplo: Mundo Novo, amplamente adaptado às condições do nosso país.
Importante: Com o avanço da ciência e uma preocupação crescente devido às mudanças climáticas, pesquisas têm se concentrado em desenvolver variedades que sejam mais resilientes a doenças, como a ferrugem do café, e capazes de prosperar em climas mais quentes.
Café robusta: intensidade e resistência
A Coffea canephora, popularmente chamada de robusta, é mais robusta (como o nome sugere) em diversos aspectos. Sua planta cresce em altitudes mais baixas (até 600 metros), tolera climas quentes e úmidos, e é mais resistente a pragas. Com maior concentração de cafeína, o robusta resulta em uma bebida mais encorpada, amarga e energética, sendo frequentemente utilizado em blends e na produção de café instantâneo e hoje em dia usado inclusive em alguns cafés especiais.
Embora menos refinado do que o arábica, o robusta desempenha um papel importante no mercado de café e é amplamente cultivado no Brasil e no Vietnã. É mais econômico, por isso é o café mais encontrado no supermercado.

E por que escolher o grão certo faz a diferença?
A escolha do grão é crucial para alcançar a experiência desejada. Enquanto o arábica oferece uma jornada de sabores complexos e sutis, o robusta garante potência e intensidade. Para os apaixonados por café, experimentar diferentes variedades é a melhor forma de descobrir preferências e novas nuances.
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Já comparou algum dos grãos mencionados? Ou tem uma preferência seja das variantes mencionadas ou além? Deixe seu comentário abaixo, cafeinado!
Respostas de 13
Agradeço pela reportagem, bem explicativa. Aproveitando vocês poderiam complementar a reportagem mostrado diferença dos tipos de café através de imagens da fruta do café e do grão de café antes da torra (grão verde) .
Exitem as variedades Liberica e Excelsa, que não são cultivadas para fins comerciais.
Que legal, Carlos.
Você sabe quais são as características? É possível degustar?
Muito interessante.
Grata
Gostei da materia! No youtube, vi um video sobre o cafe saguaraji ou saraguaji; disse o autor do video q é um cafe que se plantava antigamente, e que nao se usa mais,resgatou da mata onde o avô tinha o cafezal.
Comparado com os grãos q se utilizam hoje, seria inferior?
Olá! Não sei te responder….preciso pesquisar sobre o assunto…Um abraço, Renata
Gostaria de saber se voces trabalham com o café extra forte, com baixo ou nenhum teor de açúcar. Obrigada.
Olá Ivanete, tudo bem? Não trabalhamos com cafés extra-fortes.
Olá, algo que não encontro informações, são sobre os café tradicionais. Em geral feito com grãos danificados.
E por que sempre são associados ao café misturados? Sendo que temos boa parte de produção desse tipo de café (usado no dia -a -dia) associados a cafés de grãos misturados.
Pequenos produtores, inclusive de arábica fazem a moagem dos grãos arábica nesse modo tradicional e o publico associa sempre o café arábica como sendo especial ou gourmet. Sendo que o tradicional pode ser 100% arábica e não tem a mesma qualidade de um grão especial ou superior ..
Enfim, em resumo, poderia ser feito uma matéria explicando isso também. as diferenças dos cafés tradicionais, afinal, acredito que esses são os mais consumidos pelos brasileiros ( duvido que em uma oficina, na hora de tomar aquele cafezinho, eles coloquem um bourbon, hehehe)
Bem, agora, só tenho elogios quanto as matérias publicadas aqui. Acompanho sempre que possivel.
Obrigado.
Olá Douglas, obrigada pela dica de matéria, em breve vamos preprar um comparativo de cafés tradicionais x cafés especiais. 🙂 Bjs
Olá, sou aluno do curso superior de tecnologia em cafeicultura no IFES campus de alegre e gostaria, se possível, que me passassem o nome do autor do artigo para poder referencia-los corretamente em meu artigo. Desde já Agradeço..
Olá Gustavo! Tudo bem?
Pode referenciar o site Grão Gourmet.
Abraços,
Renata
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